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Inesquecível

Viagem ao interior do Teatro

Quando a 24 de Outubro de 1884 João Sauvair da Câmara, presidente da autarquia do Funchal, lançou a primeira pedra no edifício do Teatro D. Maria Pia, estava longe de imaginar que 130 anos e quatro nomes depois, a obra assinada pelo arquitecto portuense Tomás Augusto Soler seria o que é hoje.

Mesmo que o actual Teatro Municipal Baltazar Dias seja hoje um local que passa despercebido ao bulício da cidade que se quer cosmopolita, pela correria do quotidiano, a verdade é que a cada vez mais concorrida agenda do Teatro tem levado centenas às suas iniciativas, sejam com produções nacionais ou mesmo exposições ou conferências no salão nobre.

O teatro tem tido um novo rumo. E uma dinâmica que, mais do que mostrar a parte mais visível da emblemática sala, mostra aquilo que não vemos todos os dias e o que nem imaginamos poder ver, como as telas que sobem e descem no palco e assinadas por nomes como Danilo Gouveia. Ou as inimagináveis catacumbas que, em muros de pedra debaixo da plateia, permitem aquela acústica magnífica na sala de espectáculos. Andar por ali transporta-me para um passado difícil de imaginar no século XIX.

Respirei história enquanto me passeava pelas histórias do Teatro. Imaginei os primeiros expectadores, no dia 11 de março de 1888 e os seus fatos e vestidos compridos, para ver a zarzuela “Las dos Princesas”, da companhia espanhola de José Zamorano, de Canárias.

Andei pelos camarins, aquele que levou agora o nome de Eunice Muñoz, onde está o livro de honra assinado pelos grandes nomes que ali passaram recentemente. Li paredes, paredes onde quem ali passou ao longo de décadas deixou a sua assinatura, subi escadas de madeira estreitas, cheguei à teia.

Uma sala redonda envolve a estrutura onde nasce aquele candeeiro magnífico que se vislumbra da plateia e dos camarotes. Há janelas que deixam entrar a luz do dia por todos os lados, um jogo de luminosidade que me perturba quando volto para o local onde as telas parecem esperar pacientemente o dia de descer…

Continuei a visita. Sem perceber a coincidência, descubro que os camarotes mais encostados ao palco são destinados, em alguns espectáculos, a invisuais e um acompanhante, para que possam sentir os musicais que ali acontecem. Uma homenagem simbólica, tendo em conta que Baltazar Dias era um dramaturgo e poeta cego.

Quero visitar mais vezes o teatro, sentir a história e respirar cultura. Aproveite, faça uma visita à nossa mais emblemática sala de espectáculos, às terças-feiras às 10 horas.

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