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Lá por Fora

Missa do Parto dia 17 em Lisboa

By 12 Dezembro, 2022Dezembro 14th, 2022No Comments

Os madeirenses residentes no continente voltam a celebrar, no próximo dia 17 de Dezembro, a tradicional Missa do Parto na paróquia da Divina Misericórdia em Alfragide. A celebração daquela que se tornou já uma tradição para os nossos conterrâneos que vivem, principalmente, na zona da Grande Lisboa, está marcada para as 6:30 e será celebrada pelo Padre António Silva, padre dehoniano, natural da ilha da Madeira, que tem participado ao longo dos anos. Este ano, regista-se a particularidade de ser a sua Missa Nova.

A ideia de celebrar a Missa do Parto em Lisboa partiu de um grupo de católicos madeirenses e do Padre Nélio Tomás, madeirense falecido recentemente, sendo acolhida com gosto pela comunidade paroquial, realizando-se desde 2014.

Este ano será retomado o tradicional convívio após a missa, ao som da música popular madeirense, e com as iguarias típicas da região alusivas à época, como as broas de mel e coco, rosquilhas, sandes de carne de vinha d’alhos, licores e poncha.

Sendo sensíveis às problemáticas ambientais, ecológicas e ao desperdício zero, a organização pede a todos aqueles que queiram participar nesta tradição que levem o seu copo. Se assim o desejarem, também podem levar um bolo ou outra iguaria para partilhar.

 

A missa do Parto é uma tradição madeirense que remonta ao início do século XVIII. Consiste em nove missas, realizadas entre os dias 16 e 24 de Dezembro, que comemoram a gravidez e expectação do parto da Virgem e que culminam com a celebração da Missa do galo, de 24 para 25, honrando o nascimento do Menino. Habitualmente são celebradas durante a madrugada, ainda antes do nascer do sol, porque esta seria a hora mais conveniente para os lavradores, de modo a não interferir com o trabalho nos campos, que começava cedo, atribuindo-se também ao simbolismo da preparação da celebração de Jesus, que nasce para ser a Luz do mundo.

 

A missa é animada ao som de instrumentos tradicionais como a braguinha, o rajão, as castanholas e o “brinquinho”, mas também o acordeão e termina em procissão para o adro da Igreja com o cântico “Virgem do Parto, Ó Maria, Senhora da Conceição, Dai-nos as festas felizes, A paz e a salvação”, seguindo-se o momento de convívio.

 

Na paróquia de Alfragide é apenas celebrada uma missa do parto, mantendo a tradição da novena e a estrutura da celebração como a evocação do Espírito Santo, a ladainha e os cânticos em honra de Nossa Senhora ligados à Virgem do Parto e sobretudo ligados à alegria do nascimento de Jesus.

A Igreja é decorada com o tradicional bordado da Madeira e junto ao altar a “lapinha” ornamentada com tecido com as riscas tradicionais do nosso arquipélago, as “searinhas” e a fruta. Como também é da tradição, segue-se o tradicional convívio.

 

Após a curiosidade do primeiro ano, por ser tão cedo, antes do nascer do sol, a participação tem sido cada vez mais numerosa, atraindo multidões de várias partes do território português, madeirenses e não só.

 

A realização desta missa, e o convívio, só é possível com a colaboração de várias pessoas e identidades, como a Secretaria Regional do Turismo e Cultura, a Associação de Promoção da Região Autónoma da Madeira, ao Bar Nr.2, aos Reis do Moscatel, aos órgãos de comunicação social e alguns particulares entre eles Manuel Costa, também ele madeirense e importante dinamizador. A organização, pela qual dá a cara a médica Ana Castro Neves, natural do Porto Santo, agradece a estes e a outros amigas pessoais, todo o apoio recebido na preparação e divulgação deste evento, bem como o seu carinho e amizade, bem como ao sacerdote que se disponibilizou para celebrar a missa.

 

“Esta iniciativa é não só uma oportunidade para estarmos todos juntos, mas também uma oportunidade de reviver, manter e divulgar as tradições da «Nossa Terra», da celebração da fé e espiritualidade que marcam a vida da igreja que é um enriquecimento da diáspora madeirense, de todos os pontos da Madeira e do Porto Santo”.

 

A madeirense confessa o seu desejo de que “imbuídos pelo espírito de vida fraterna, a época natalícia seja um tempo de proximidade de uns com os outros, que o Deus menino ilumine a nossa caminhada, que faça resplandecer nos nossos corações a alegria do dom Vida e da partilha e que o seu Amor seja aconchego sempre que nos sentirmos sós”.

 

Érica e Ana Castro Neves