Passei o dia a ver e a rever as imagens, mesmo as aéreas, assustadoras, que pareciam queimar-me a televisão e o desespero misturado com as cinzas de quem terá de recomeçar do zero. Assim como há seis anos, naquele Fevereiro que ainda nos percorre o sangue, sei que teremos capacidade de renascer do nada ou do quase nada. E ontem, ao ver o Presidente da República levar daqui essa lição de vida, tive a mesma certeza. Somos grandes, somos enormes, somos incomparáveis quando temos de estender as mãos para outro madeirense se levantar.
Sei que vamos ser, outra vez, capazes. Maiores do que sempre. Maiores do que naquele Fevereiro que nos chocou, do que aquele Agosto que nos queimou os pulmões, do que aquele outro verão que nos pintou as serras de luto.
Sei que vamos ser um exemplo. Sempre o fomos. Vamos passar por isto como o fizemos depois daquela madrugada de inverno. Que veio de repente. Agora não. O inferno desfilou nas nossas ruas e deu-nos tempo para apreciá-lo.
Mas a meio disto tudo vimos a fibra de um madeirense. O senhor António Pimenta. Gosto dele. Da sua fibra. Não saberíamos quem era se não tivesse convidado o Chefe de Estado para a inauguração da sua casa, aquela que vai reconstruir das cinzas. Ou muito me engano, ou Marcelo voltará cá para o grande dia. E nós, cada um de nós, deve ter orgulho em ser madeirense e viver do que a nossa terra tem de melhor: cada um de nós!