A noite de ver ombros e levar com sacos de fruta… que todos adoram
Há milhares de pessoas que contam os dias para chegar a esta data. Não porque vão abrir os presentes, mas porque vão provar todas as ponchas, sandes e ginjas que encontrarem pelo caminho… e ele é cada vez mais longo.
Este é o dia em que o Mercado começa na Zona Velha da cidade e termina na Rotunda do Infante, o dia em que todos vêem ombros e se tornam heróis, porque atravessar a baixa, principalmente à medida que se vai aproximando do edifício dos Lavradores, é obra e não é para todos. Errado. É para todos, sim. Para os mais pequenos, que sentados nos ombros dos pais são os que mais apreciam a festa porque são os únicos que a conseguem ver, para os maiores, que conseguem reconhecer uma pessoa a cinco metros e demoram dez minutos a chegar até ela, para as mulheres, que insistem em dar o gancho aos maridos, não para não se perder, mas para não os perderem, para as avozinhas que insistem em ir arrastar-se para a cidade porque já há cinquenta anos que o fazem e para os turistas, que maravilhados com a novidade, acham que estão em Hyde Park em pleno 31 de Dezembro.
O Funchal começa a transformar-se a meia tarde. As ruas começam a fechar, as barracas são montadas, descarregam-se toneladas de carne e pão e a cidade fica a cheirar a carne de vinho e alhos. Como se fosse, ela própria, uma sandes gigante.
E há coisa melhor do que sair para a rua nesta noite de festa e ver todos os nossos conhecidos em fila para nos cumprimentar? Ah, não, não é para cumprimenta. É porque ninguém se consegue mexer e por isso, a metade da rua que quer descer está parada, porque a outra metade não consegue subir. Há coisa melhor do que ir levando com uns sacos com anonas e ananases nas pernas e sorrir ao pedido de desculpas de outro desgraçado que, como nós, está literalmente ensanduichado entre a multidão?
Não há, garanto-vos. Até porque às vezes dá tempo para pôr a conversa em dia com as pessoas com quem nos cruzamos e, nas versões em que dura mais tempo a paragem forçada na fila, dá tempo de conhecer uma pessoa e talvez até casar. Não, também não dá, porque isso obrigaria a cortejo e ali é impraticável. Mas pronto.
E há coisa mais bonita do que estar duas horas para conseguir ser servido de uma simples poncha ou uma carcaça com quatro bocados de carne dentro? Claro que não.
O que vale é o espírito. O de Natal e o de quem tem de aguentar a noite. Porque só vai quem gosta. Quem quer ver as últimas novidades em adereços de Natal, que normalmente incluem cornos de rena, guizos como o do Noddy e luzes, muitas luzes, para iluminar as ideias.
É bonito de viver este cenário que se estende agora às placas centrais. E se a sua opção ficar por lá, pode sempre dizer que foi à noite do mercado, porque a cidade foi engolida pela festa. Só termina no dia 1, por isso aproveite. O Mercado só volta para o ano.
O seu problema é viver fora da Madeira ou estar por cá e não conseguir pôr os pés na baixa da capital esta noite?
Deixou de ser um problema. Se tem internet é o que basta para seguir os momentos e os acontecimentos da noite.
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