Já foram sete mil as pessoas que não quiseram deixar de ver a alma de um povo. Foram as palavras de Luís Miguel Jardim, ontem, antes do início da sessão de “O Feiticeiro da Calheta”, que voltou a encher a sala do Centro de Congressos da Madeira e que inevitavelmente nos leva de volta no feitiço do tempo que nos transporta para uma das míticas salas de cinema do Funchal.
Numa noite especial, em que parte do elenco estava presente na plateia, viu-se, realmente, a alma do povo que em meados do século passado sentiu as agruras da fome e da doença e que teve de encontrar outros caminhos para calcorrear os seus dia, longe das famílias.
O produtor do filme que se transformou num verdadeiro sucesso e que fez esquecer que Alberto João Jardim aparece numa única cena, chamou parte desse elenco ao palco, onde não faltou o multifacetado João Augusto Abreu, responsável pela arrepiante banda sonora do filme, também ele actor. E se formos falar de imagem, a fotografia que retrata as paisagens da Calheta é soberba.
A Madeira estava ali: a tão típica bilhardice, a colonia, as mulheres sérias e as outras, os homens que trabalhavam para dar de comer aos filhos, a fome, a exploração, a miséria, o adultério e o sonho.
Acreditamos que mais sete mil poderão ver o filme que retrata, como disse Luis Miguel Jardim, a alma de um povo. A não perder, já no próximo dia 23 no Centro Cultural John dos Passos, na Ponta do Sol.